terça-feira, 7 de abril de 2009

Para quem não sabe, o ACARAJÉ é comida de santo; ele é o preferido de Xangô e Iansã. Em seu livro, Santo também come (1998:62), Raul Lody esclarece que “o tamanho e o formato do acarajé têm simbolismos próprios e são endereçados a divindades específicas. O acarajé grande e redondo é de Xangô; os menores servem para as iabás, como Iansã” (Ê parrei, minha Mãe!) Mas, o acarajé pode ser usado, pra outros orixás tambem, porque é uma comida muito especial e aceito por quase todos os orixas, como Ogum, por exemplo.

Se você for filho de Iansã, Xangô ou qualquer orixá da Linha de Iemanja, é sempre bom comer de vez enquando um acarajé ou quantos você quiser pra ter a energia de seus pais de cabeça amplificadas em você. E além do acarajé existem muitos outros ingredientes, alimentos, frutas e bebidas que te deixarão mais forte, assim como o Marinheiro que ficava mais forte comendo espinafre nos desenhos animados.

No caso especifico do acarajé o melhor dia pra come-lo é nas quartas e quintas-feiras, pra sentir toda sua essencia energetica. E se você tem medo de engordar, poderá come-lo aos domingos e antes de dormir tome uma boa chicará de chá preto, pra limpar o organismo.

O acarajé é um alimento sagrado, oferecido a Oyá, também conhecida como Iansã, a deusa africana que controla os ventos, as tempestades, os relâmpagos e tem poder sobre o fogo. Na religião dos orixás, os homens dialogam com seus deuses através dos sacrifícios e oferendas de alimentos. O akará é um deles e veio parar no Brasil através dos escravos africanos iorubás.

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Ser baiana é uma escolha difícil. Significa assumir o compromisso de ser incansável e ter coragem o tempo todo, assim como Iansã, a dona dos acarajés. É também tornar-se capaz de dar colorido e perfume às nossas comidas, tornando o nosso cotidiano bem mais saboroso.

Sincretizado com os santos Cosme e Damião, Ibêji é celebrado com o "caruru dos meninos'; veja quais são as predileções alimentares dos orixás do candomblé. Os Ibêji, orixá duplo do candomblé sincretizado com os santos Cosme e Damião, são amigos da boa mesa da culinária baiana. Aos gêmeos protetores da infância oferenda-se caruru e também acarajé, abará, vatapá, xinxim de galinha, farofa, rapadura, cana-de-açúcar...

O candomblé é uma religião de antepassados. E, segundo as antigas tradições, quando se cultua os antepassados, oferece-se tudo que é necessário à vida, sobretudo comida e bebida. Cada orixá tem predileção por um alimento.

No dia de Ibêji, o caruru (prato à base de quiabo, camarão seco e dendê) é oferecido ao orixá e depois a sete crianças, que o recebem em uma grande tigela. Quando terminam, só então os adultos são convidados a compartilhar o alimento.

A comida é elo entre a comunidade e os ancentrais. Banquete Sagrado. Uma coisa é o cortado de quiabos, outra é a oferenda de caruru que se faz a Ibêji. Diferentemente da comida do dia-a-dia, a comida ritual, votiva, é preparada de acordo com preceitos que pressupõem da abstinência sexual à exigência de que o corpo esteja limpo.

Na Bahia, as promessas feitas a Ibêji, do termo iorubá para gêmeos, são pagas com um grande caruru e com a distribuição de doces e presentes para as crianças. O tamanho do prato é medido em quiabos: caruru de mil, de 5.000 quiabos.

Com o tempo, a festa de Ibêji foi além dos terreiros. Atinge até quem não é do candomblé. Assim como a festa de 31 de dezembro, nas praias, era uma festa de terreiro para Iemanjá e hoje é de todos. Um traço importante das comidas de orixá é o uso, quase onipresente, do dendê --quase porque há orixás que têm o ingrediente como um tabu alimentar, caso de Oxalá.

A palmeira de dendê foi aclimatada ao Brasil para suprir a região de um óleo que é essencial nesta culinária sagrada. As comidas [de terreiro] nada mais eram que as comidas do dia-a-dia, que acabaram sendo trazidas para o Brasil pelo tráfico de escravos. Com a restauração da religião negra no Brasil, essas receitas se mantiveram vivas. Claro que sofreram adaptações, porque nem todos os ingredientes de lá estavam disponíveis aqui.

A culinária sagrada, porém, não ficou limitada aos terreiros. É certo que a culinária baiana saiu dos terreiros. O acarajé é uma comida sagrada que passou a ser vendida nas ruas de Salvador. Muitas mães-de-santo ganharam sua vida e muitas negras compraram sua alforria vendendo quitutes feitos nos terreiros.

No fundo, o sagrado come o que os homens comem. É extremamente positiva a popularização de tais comidas. A preparação das comidas de oferenda, chamadas de ebós, cabe a uma mulher, a Iabassê. No candomblé, a cozinha é um templo, é um espaço sagrado e cheio de interdições. Oxalá, por exemplo, é um orixá cheio de tabus. Tem, por isso, uma cozinha exclusiva, onde não entram dendê nem sal. Os tabus são formas de criar a sua identidade através de uma exclusão.

Não é só nos cultos afros, que vemos a importancia de alimenos sagrados. Na historia dos Antigos Hebreus tambem vemos citaçoes de oferendas, ritos e uso de animais e comidas. Nós somos energias condensadas e por isso precisamos das energias dos alimentos, pra nos manter vivos, por isso os alimentos são tão importantes.

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